Lançamento do livro "Corpos que Sofrem: como lidar com os efeitos psicossociais da violência"
O CERP-SC (Centro de Estudos de Reparação Psíquica de Santa Catarina) convida todas e todos para o Lançamento do livro: "Corpos que Sofrem - Como lidar com os efeitos psicossociais da violência?". O evento ocorrerá no dia 26/03, terça-feira, no auditório do CFH/UFSC, as 19:00, com a presença do psicanalista Jorge Broide.
O livro, que é resultado do trabalho do CERP-SC ao longos dos anos de 2016 e 2017, traz uma compilação das aulas do curso, além de artigos inéditos escritos por autores convidados e análises das intervenções realizadas pelo CERP-SC ao longo do biênio 2016/17. A distribuição do livro será gratuita para todas as pessoas presentes no lançamento (ela é, no entanto, limitada de acordo com nossa remessa de exemplares). Todos os profissionais que completaram o curso terão direito a dois exemplares que estarão reservados nominalmente e poderão ser retirados apenas no dia do lançamento. O livro já foi lançado em Porto Alegre e ainda será lançado no Rio de Janeiro (05/04) e em São Paulo. Em breve mais informações. Florianópolis Data: 26/03/2019 - Terça-feira Horário: 19h00 Local: Auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas - Universidade Federal de Santa Catarina Porto Alegre Data: 22/03/2019 - Sexta-feira Horário: 19h00 Local: Sede da APPOA (Associação Psicanalítica de Porto Alegre). Rua Faria Santos, 258 |
Marco da Ros e Luziele Tapajós:
No SUS e no SUAS, resistência é a palavra da vez
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Diante das perspectivas de desmonte de serviços públicos e achatamento de direitos sociais, os defensores do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) devem ter uma palavra da vez: resistência.
Essa foi a tônica da última aula do curso “Como lidar com os efeitos psicossociais da violência”, ministrada por Marco Aurélio da Ros, médico sanitarista e professor aposentado da UFSC, e pela professora do Departamento de Serviço Social da UFSC e ex-presidenta do CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social) Luziele Tapajós. |
Fábio Franco: "É necessário pensar o desaparecimento
como um problema político"
O devido enfrentamento ao desaparecimento, que exige a implicação das instituições estatais competentes e a criação de políticas públicas adequadas, só ocorrerá se formos capazes de entendê-lo como um fenômeno de natureza política.
A proposição é do filósofo Fábio Franco, que já atuou no enfrentamento desta questão tanto no Governo Federal – na Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos –, quanto em âmbito municipal, na Prefeitura de São Paulo. “Os desaparecimentos envolvem uma dimensão política irrecusável”, postula. “Não é culpa da família, não é culpa deste ou daquele órgão. Os desaparecimentos decorrem de uma relação complexa entre estruturas que desempenham funções importantes na administração social”. |
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Renata Almeida: “A psicanálise pode estar fora dos muros”
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Quando psicanalistas brasileiros foram à França para apresentar o projeto que desenvolviam em favelas do Rio de Janeiro, escutaram de seus colegas europeus: “Essa é uma experiência fadada ao fracasso. Porque onde a violência torce o pescoço das palavras, um psicanalista não pode trabalhar”.
A aposta da médica e psicanalista Renata Almeida, uma das responsáveis por um projeto similar ao dos cariocas – o da Casa dos Cata-Ventos, em Porto Alegre – pode ser descrita pelo oposto simétrico da frase dita pelos franceses. “A gente vem tentando fazer exatamente o contrário: onde a violência está, a palavra tem de torcer o pescoço da violência”, explica. “A palavra tem de ajudar a fazer que algo deslize, que algo seja possível para além da descarga agressiva”. |
Carlos Vainer: “O deslocamento forçado é uma dimensão estruturante da realidade contemporânea"
Como tentativas de retirar corpos de um dado território – a mobilização forçada – ou de obrigar corpos a permanecer em um determinado local – a imobilização forçada –, podemos inserir uma ampla gama de fenômenos sociais marcados pela opressão: remoções nas grandes cidades, criminalização das migrações, refúgio, encarceramento, apropriação territorial de populações indígenas e quilombolas etc.
Para compreendermos melhor estes fenômenos, o professor do instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ippur-UFRJ) Carlos Vainer propõe uma reflexão mais ampla: sobre as relações entre corpos, territórios e poder. |
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Bruno Gomes: “A base da redução de danos é o diálogo"
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São três as características que nos permitem aglutinar sob o guarda-chuva da “redução de danos” diferentes estratégias de cuidado com pessoas que fazem uso abusivo de drogas: a estratégia deve ter como foco a qualidade de vida, ser testada e monitorada para ter sua eficácia comprovada e, sobretudo, ser construída a partir de um diálogo.
É deste modo que Bruno Ramos Gomes, psicólogo que dedicou 12 dos seus 35 anos de vida ao cuidado de usuários da Cracolândia, no centro da cidade de São Paulo, resume os fundamentos dessa prática. “Se partimos só do nosso ponto de vista, estamos julgando, estamos sendo violentos com o outro e, principalmente, não estamos dialogando nem construindo uma estratégia de cuidado efetiva”, afirma. |
Guilherme Boulos: “Vivemos o momento mais grave
desde o fim da ditadura militar"
A crise econômica e a crise política atuais não possuem precedentes desde o fim da ditadura civil-militar brasileira (1964-1988) e nos colocam diante de uma encruzilhada histórica, com dois rumos possíveis: de um lado, a barbárie da sucessiva dissolução dos direitos sociais e políticos; de outro, o aprofundamento da democracia a partir de um novo projeto popular.
Assim Guilherme Boulos, coordenador-nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), professor de filosofia e psicanalista, iniciou a Aula Magna “Brasil: democracia ou barbárie?”, na noite da última quarta-feira (29) em Florianópolis. O evento reuniu mais de 500 pessoas no Auditório Garapuvu, na UFSC, e foi acompanhado ao vivo por mais de 8.500 em transmissão feita pela rede de coletivos Jornalistas Livres. |
Lucienne Martins Borges: “Os refugiados que chegam ao
Brasil estão em situação de abandono"
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Os refugiados que chegam ao Brasil estão em situação de abandono. Sem poder contar com serviços públicos adequados, dependem de redes de acolhimento formadas pelos próprios grupos de refugiados.
"Acolher não é abrir a porta e entregar o documento: acolhimento é tudo o que permite a permanência e a inserção da pessoa", explica a professora de psicologia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Lucienne Martins Borges. A psicóloga é também coordenadora do NEMPsiC (Núcleo de Estudos sobre Psicologia, Migrações e Culturas). |
BRASIL: DEMOCRACIA OU BARBÁRIE?
CERP-SC realiza Aula Magna
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Emília Broide: “Criar estratégias novas para impasses é o que fazemos cotidianamente no SUS e no SUAS"
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Faz parte do cotidiano dos profissionais das redes públicas de saúde e assistência social deparar-se com situações novas, cujas estratégias de solução não podem ser encontradas em manuais de ação ou sistematizações teóricas.
Para enfrentá-las “sem sucumbir aos dramas das falas dos usuários”, a psicanalista Emília Estivalet Broide propõe um trabalho que estabeleça um diálogo entre a prática clínica e a supervisão institucional. “A teoria tem um limite. A função da supervisão é a de não nos deixar ficar com as mesmas teorias, mas nos abrir à criação de novas estratégias”, explica. |
Eduardo Vasconcelos:
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Marcelo Freixo:
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Luiz Eduardo Soares:
“Não se pode discutir democracia no Brasil
fingindo que não há um massacre nas periferias”
Embora seja questão de vida ou morte para os setores mais vulneráveis da população e decisivo para a democratização da sociedade, o tema das polícias ainda é pouco presente no debate público no Brasil.
É a denúncia desta ausência que tem movido há anos o antropólogo Luiz Eduardo Soares, 63, e que foi a tônica de sua fala na Aula Magna promovida pelo CERP-SC durante o Módulo II do curso “Como lidar com os efeitos psicossociais da violência?”. “Esse tema permanece negligenciado. São raríssimas as lideranças políticas que se debruçam sobre ele”, afirma, lembrando que mesmo os setores mais progressistas não dão a devida importância às polícias. |
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Jorge Broide: “A prisão circula pelas ruas da cidade”O perfil da população de rua tem se aproximado cada vez mais do perfil da população carcerária, o que complexifica a elaboração de políticas públicas e as estratégias de atuação dos profissionais de saúde e assistência social.
A análise é do psicanalista e professor da PUC-SP Jorge Broide, que entre 2015 e 2016 coordenou na cidade de São Paulo a Pesquisa Social Participativa Pop Rua, tema de uma das aulas do Módulo II do curso “Como lidar com os efeitos psicossociais da violência?”. As inscrições para o Módulo III, que terá início em setembro, estão abertas até o dia 15 de agosto. Clique aqui para ler o Boletim Informativo completo. |
“A violência de Estado fortalece as facções”, diz sociólogaA política de encarceramento em massa, as péssimas condições dos presídios brasileiros e a violência policial nas ruas não apenas não são estratégias eficazes no enfrentamento do crime, mas fortalecem as facções criminosas e retiram a legitimidade do Estado.
Em uma aula que lotou o Auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFSC, a socióloga e professora da Universidade Federal do ABC, Camila Nunes Dias, explicou de que modo a prisão funciona como locus de organização da criminalidade e contou a história da facção que controla o sistema prisional e o tráfico de drogas no Estado de São Paulo. Clique aqui para ler o Boletim Informativo completo. |
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Marco Prado: “A violência homofóbica é cotidiana e invisível”
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A homofobia é um sistema complexo de violências e humilhações, reproduzidas à exaustão em nossas práticas cotidianas e, na maior parte das vezes, invisibilizadas.
“São violências que não aparecem como violência. Quando são nomeadas, são nomeações muito estereotipadas ou reduzidas”, explica Marco Aurélio Máximo Prado. Foi este sistema de violências cotidianas e invisíveis que Prado procurou desvelar ao longo de sua aula. Clique aqui para ler o Boletim Informativo completo e assistir aos vídeos da aula de Marco Prado. |
“Para combater a tortura, é preciso combater a privação de liberdade", diz perita |
CERP-SC promove Aula Magna na UFSC com Marcelo Freixo
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A prática da tortura e a privação de liberdade mantêm uma relação estreita, não sendo possível combater as violações sem repensar a lógica do encarceramento.
Foi esta a mensagem central da aula de Catarina Pedroso, psicóloga que atuou como perita do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT) entre os anos de 2015 e 2017. Clique aqui para ler o Boletim Informativo completo e assistir aos vídeos desta aula. |
O deputado Marcelo Freixo e o antropólogo Luiz Eduardo Soares lotaram o Auditório Garapuvu, na UFSC, para a Aula Magna do Centro de Estudos em Reparação Psíquica de Santa Catarina.
Com o tema "O que acontece nas prisões?", a aula fez parte do segundo módulo do curso "Como lidar com os efeitos psicossociais da violência?". Para assistir à aula completa em nosso canal do Youtube, clique na imagem ao lado. |
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Assista aqui à aula de Catarina Pedroso sobre a experiência do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura
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Assista aqui ao vídeo completo da Aula Magna
de Marcelo Freixo e Luiz Eduardo Soares |
O CERP-SC
Centro de Estudos em Reparação Psíquica de Santa Catarina
O Centro de Estudos em Reparação Psíquica de Santa Catarina (CERP-SC) é uma das dez unidades que compõem a Rede Clínicas do Testemunho.
Esta Rede é formada por cinco Núcleos de Atendimento, conveniados à Comissão de Anistia e destinados à reparação dos crimes da ditadura, e Cinco Centros de Capacitação, conveniados ao Fundo Newton e destinados à formação de profissionais que lidam com os efeitos psíquicos das graves violações de direitos humanos do presente.
Financiado pelo Fundo Newton, o CERP-SC é uma realização do Instituto APPOA (Associação Psicanalítica de Porto Alegre) em parceria com o ICHHR (International Centre for Health and Human Rights), ONG britânica especializada em reparação psíquica a vítimas de graves violações de direitos humanos.
Ao longo dos próximos dois anos, serão desenvolvidas quatro atividades principais:
As atividades começaram em Agosto de 2016. Todas as aulas do curso de longa duração estão sendo disponibilizadas em vídeo, gratuitamente, nesta mesma página. O projeto tem previsão de término para o fim de 2017.
Para informações mais detalhadas, clique nos botões abaixo.
Esta Rede é formada por cinco Núcleos de Atendimento, conveniados à Comissão de Anistia e destinados à reparação dos crimes da ditadura, e Cinco Centros de Capacitação, conveniados ao Fundo Newton e destinados à formação de profissionais que lidam com os efeitos psíquicos das graves violações de direitos humanos do presente.
Financiado pelo Fundo Newton, o CERP-SC é uma realização do Instituto APPOA (Associação Psicanalítica de Porto Alegre) em parceria com o ICHHR (International Centre for Health and Human Rights), ONG britânica especializada em reparação psíquica a vítimas de graves violações de direitos humanos.
Ao longo dos próximos dois anos, serão desenvolvidas quatro atividades principais:
- Um curso de longa duração, gratuito e aberto, destinado a profissionais que lidam com os efeitos psíquicos de graves violações de direitos humanos e aberto a demais interessados. O curso, totalmente gratuito, será realizado em parceria com: a Escola de Saúde Pública de Santa Catarina Professor Osvaldo de Oliveira Maciel; a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), por meio do grupo "Psicologia, Direitos Humanos e Políticas Públicas", linha de pesquisa do NUPRA (Núcleo de Práticas Sociais e Constituição do Sujeito), do Departamento de Psicologia; e o ICHHR;
- A Clínica da Reparação Psíquica: Em parceria com a UFSC e o Núcleo de Estudos sobre Psicologia, Migrações e Culturas (NEMPsiC), será desenvolvido um dispositivo clínico inovador que oferecerá atendimento clínico psicológico especializado à vítimas de violência de Estado e graves violações de direitos humanos, bem como a formação de psicólogos e estudantes de psicologia nesta temática. A Clínica da Reparação Psíquica é coordenada pela Profa. Dra. Lucienne Martins Borges, do Departamento de Psicologia da UFSC;
- Conversas Públicas a serem realizadas em comunidades catarinenses afetadas por altos índices de violência;
- Na cidade de Marabá, no Estado do Pará, realizar a capacitação de servidores do Centro de Internação de Adolescente Masculino (CIAM) sobre violência institucional no contexto da democracia.
As atividades começaram em Agosto de 2016. Todas as aulas do curso de longa duração estão sendo disponibilizadas em vídeo, gratuitamente, nesta mesma página. O projeto tem previsão de término para o fim de 2017.
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A arte acima é de autoria de Pablo Meijueiro, do Coletivo Norte Comum.
Para conhecer outros trabalhos deste coletivo, bem como para contatá-los, CLIQUE AQUI.
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