“Violência estrutura as relações sociais no Brasil, mas não é percebida”, afirma Marilena Chauí
CENTRO DE ESTUDOS EM REPARAÇÃO PSÍQUICA DE SANTA CATARINA - CERP-SC
BOLETIM INFORMATIVO N.1
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A sociedade brasileira é estruturada e organizada pela violência e, ao mesmo tempo, sustenta o “mito da não-violência”. Esta foi uma das ideias desenvolvidas pela filósofa Marilena Chauí durante a Aula Magna do curso “Como lidar com os efeitos psicossociais da violência?”, ocorrida no último dia 15, na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), em Florianópolis.
Com o tema “O que é democracia?”, a Aula Magna da filósofa lotou o Auditório Garapuvu, o maior da universidade, com capacidade para 1371 pessoas. De acordo com os organizadores, ao menos 2 mil pessoas – que, do lado de fora, formaram uma fila quilométrica – não puderam entrar, em respeito às normas de segurança do local.
Disponibilizada em vídeo na internet, a aula já conta com mais de 2.700 visualizações. Ao longo de mais de três horas de aula, Marilena Chauí falou sobre o que significa uma sociedade verdadeiramente democrática e explorou os obstáculos impostos ao desenvolvimento da democracia pelo neoliberalismo, por um lado, e pelas características próprias da sociedade brasileira, por outro. |
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O mito da não-violência brasileira
“Há no Brasil um mito poderoso”, afirmou a filósofa. “É o mito da não-violência brasileira, isto é, a imagem de um povo generoso, alegre, sensual, solidário que desconhece o racismo, o sexismo, o machismo”.
Segundo Chauí, a sociedade brasileira produz máscaras que dissimulam a realidade da violência, disfarçando-a sob ideias não-violentas.
“Assim, por exemplo, o machismo é colocado como proteção natural à fragilidade feminina, o paternalismo branco é visto como proteção para a inferioridade dos negros, a repressão contra os homossexuais é considerada proteção aos valores sagrados da família, a destruição do meio ambiente é vista como sinal de progresso e civilização, etc.”, explica Chauí.
“Em resumo, a violência não é percebida ali mesmo onde se origina e onde se define como violência propriamente dita”.
“Há no Brasil um mito poderoso”, afirmou a filósofa. “É o mito da não-violência brasileira, isto é, a imagem de um povo generoso, alegre, sensual, solidário que desconhece o racismo, o sexismo, o machismo”.
Segundo Chauí, a sociedade brasileira produz máscaras que dissimulam a realidade da violência, disfarçando-a sob ideias não-violentas.
“Assim, por exemplo, o machismo é colocado como proteção natural à fragilidade feminina, o paternalismo branco é visto como proteção para a inferioridade dos negros, a repressão contra os homossexuais é considerada proteção aos valores sagrados da família, a destruição do meio ambiente é vista como sinal de progresso e civilização, etc.”, explica Chauí.
“Em resumo, a violência não é percebida ali mesmo onde se origina e onde se define como violência propriamente dita”.
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Um dos mais importantes nomes da história da filosofia no Brasil, Marilena Chauí é professora aposentada do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo, foi Secretária Municipal de Cultura de São Paulo durante a prefeitura de Luiza Erundina (1989-1992).
Destacam-se em sua obra, dentre muitos outros temas, elaborações inovadoras sobre o conceito de democracia, na esteira dos pensamentos de filósofos como Bento de Espinosa (1632-1677), Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) e Claude Lefort (1924-2010). Para ler o texto completo da aula, CLIQUE AQUI. |
Próxima aula
A segunda aula do Módulo I do curso, no próximo dia 26, terá como tema “A psicanálise em situações de extrema vulnerabilidade social” e será ministrada pelo psicanalista Jorge Broide.
Apenas os 90 alunos inscritos no curso poderão participar da aula presencialmente. A exposição inicial de Broide será gravada e disponibilizada no site do CERP-SC (www.cerpsc.com).
Nascido no Rio Grande do Sul e radicado em São Paulo, Jorge Broide é psicanalista e analista institucional, doutor em psicologia social pela PUC-SP (Pontifícia Univerisdade Católica de São Paulo), professor do curso de psicologia desta mesma universidade e membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre. Há 40 anos, trabalha com o que descreve como “situações sociais críticas”.
Broide é autor do livro "Psicanálise nas situações sociais críticas. Violência, juventude e periferia. Uma abordagem grupal" (Editora Juruá) e co-autor, em conjunto com Emilia Estivalet Broide, de "A psicanálise em situações sociais críticas. Metodologia clínica e intervenções" (Editora Escuta).
Sobre o CERP-SC
O Centro de Estudos em Reparação Psíquica de Santa Catarina (CERP-SC) é uma realização do Instituto APPOA (Associação Psicanalítica de Porto Alegre), no âmbito do Projeto Clínicas do Testemunho, financiado pela Comissão de Anistia, órgão do Governo Federal brasileiro, e pelo Newton Fund, iniciativa do governo britânico.
O curso – financiado pelo Newton Fund e totalmente gratuito – é realizado em parceria com a Escola de Saúde Pública de Santa Catarina; a UFSC, por meio do grupo "Psicologia, Direitos Humanos e Políticas Públicas", linha de pesquisa do NUPRA (Núcleo de Práticas Sociais e Constituição do Sujeito), do Departamento de Psicologia; e o ICHHR (International Centre for Health and Human Rights), ONG britânica especializada em reparação psíquica a vítimas de graves violações de direitos humanos.
A segunda aula do Módulo I do curso, no próximo dia 26, terá como tema “A psicanálise em situações de extrema vulnerabilidade social” e será ministrada pelo psicanalista Jorge Broide.
Apenas os 90 alunos inscritos no curso poderão participar da aula presencialmente. A exposição inicial de Broide será gravada e disponibilizada no site do CERP-SC (www.cerpsc.com).
Nascido no Rio Grande do Sul e radicado em São Paulo, Jorge Broide é psicanalista e analista institucional, doutor em psicologia social pela PUC-SP (Pontifícia Univerisdade Católica de São Paulo), professor do curso de psicologia desta mesma universidade e membro da Associação Psicanalítica de Porto Alegre. Há 40 anos, trabalha com o que descreve como “situações sociais críticas”.
Broide é autor do livro "Psicanálise nas situações sociais críticas. Violência, juventude e periferia. Uma abordagem grupal" (Editora Juruá) e co-autor, em conjunto com Emilia Estivalet Broide, de "A psicanálise em situações sociais críticas. Metodologia clínica e intervenções" (Editora Escuta).
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O curso – financiado pelo Newton Fund e totalmente gratuito – é realizado em parceria com a Escola de Saúde Pública de Santa Catarina; a UFSC, por meio do grupo "Psicologia, Direitos Humanos e Políticas Públicas", linha de pesquisa do NUPRA (Núcleo de Práticas Sociais e Constituição do Sujeito), do Departamento de Psicologia; e o ICHHR (International Centre for Health and Human Rights), ONG britânica especializada em reparação psíquica a vítimas de graves violações de direitos humanos.